Um levantamento feito pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) mostra que, dois anos após a inauguração do corredor de ônibus da avenida Café (entregue em dezembro de 2020), a região já apresenta mudanças na dinâmica de consumo.
O objetivo do estudo foi avaliar os impactos econômicos para os estabelecimentos situados na primeira via contemplada pelo programa de Mobilidade Urbana da Prefeitura Municipal (licitação nº 495/2019).
De acordo com levantamento, a avenida em 2017 contava com 32 comércios, 89 serviços, três instituições (escolas, hospitais, associações ou similares), 58 residenciais, dois industriais e dez propriedades de usos misto, totalizando 204 atividades. Já em 2022, passou a contar com 31 atividades comerciais, 96 serviços, três institucionais e 48 residenciais, dois industriais e nove usos misto (189 atividades no total).
“As obras tiveram baixo impacto na dinâmica da Avenida do Café, que tem seguido um curso bastante positivo e com grande potencial, uma vez que o mercado consumidor de residentes está em crescimento por causa das novas construções prediais”, destaca Carlos Ferreira, gestor de Relações Institucionais e Marketing da Acirp.
A atividade de serviços subiu 7% no intervalo discutido. Restaurantes continuam em primeiro lugar na região (26 em 2017 e 30 em 2022), seguidos de serviços automotivos (16 em 2017 e 15 em 2022). Os bares, que garantiram o terceiro lugar desta vez, dobraram em número, saltando de três no ano base para seis no ano passado.
Foram observados os imóveis localizados nos dois lados da via e suas finalidades em uma extensão de 2,4 quilômetros. A avaliação foi feita usando a ferramenta Google Street View e teve como base os anos de 2017 e 2022, uma vez que de 2018 a 2020 não existem dados disponíveis do trecho (apenas um quarteirão não foi contabilizado por falta de imagens).
“Percebe-se que não houve grandes mudanças nas principais atividades da avenida de 2017 para 2022”, comenta a arquiteta e urbanista da Acirp, Laura Machado. As ocupações residenciais e de uso misto foram as mais afetadas, com redução de 17% e 10%, respectivamente.
O resultado, porém, não indica redução de fato, tendo em conta que uma casa que dá lugar a um prédio aumenta significativamente o número de lares, e de residentes.
“É importante observar que apesar de haver uma ‘queda’ em 2022 dos números absolutos de atividades com uso residencial, isso não representa o número real de moradia e potenciais moradias do local”, diz Machado. A arquiteta cita o exemplo de um local na Café onde cinco casas e um terreno foram vendidos para criação de um novo empreendimento com 12 andares.
“Com oito apartamentos por andar, temos então, no mínimo, mais 88 moradias, além de área no térreo para oito salas comerciais e de serviço, mas no estudo aparece contado apenas como uma atividade, uma área em construção. Desse modo pode-se observar que a avenida vem recebendo novos investimentos que ainda não estão consolidados, mas é possível que a atividade aumente nos próximos ano”, afirma.